Zero Zero Nunes: ordem para fechar.
O nome é Nunes. António Nunes. É um homem com uma missão. É o responsável máximo da ASAE e afirma hoje ao Sol que metade dos restaurantes e cafés portugueses «estão condenados a fechar» devido ao incumprimento de regulamentos comunitários. Diz o senhor Nunes da ASAE que metade dos restaurantes e cafés portugueses «não estão aptos a cumprir os regulamentos da legislação comunitária e não têm viabilidade económica». Nem mais. Se percebi bem, o problema está nas médias. «Ainda estamos longe das médias europeias. Para se cumprirem hoje os regulamentos comunitários como estão na lei, 50 por cento dos restaurantes e cafés não estão aptos», esclareceu.
O nome é Nunes. António Nunes. É um homem com uma missão. «O drama social é da responsabilidade do Governo, não da ASAE», avisa, frio, duro. E vai mais longe, diz que Portugal tem «três vezes mais restaurantes por habitante do que a média europeia». Os senhores sabiam? Eu não. «A UE tem uma média de 374 habitantes por restaurante. Em Portugal são 131. Isto não tem viabilidade económica», decidiu.
O nome é Nunes. António Nunes. Por trás daquela pose bófia de Inspector Martelada que mostra na fotografia, estou certo que se esconde um ser com um futuro brilhante, não duvido. Afinal, Portugal tem uma longa tradição de antónios e quando aparece um antónio desta envergadura o povo já sabe que lá vem serviço. E também para quê tanto café e restaurante, tanta escolha para quê, não me dizem? Pois metade vai para o galheiro e máinada, acabou-se. Está decidido.
O nome é Nunes, António Nunes. Zero zero Nunes, ordem para fechar.
Rui Vasco Neto
sábado, 29 de dezembro de 2007
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Etiquetas: to live and let die, os tolos são eternos, asaefinger
Zero Zero Nunes: ordem para fumar.
Este da foto é o tal Nunes da ASAE, o homem que fala grosso e diz quem fuma e quem não fuma cá na terra e onde e quando e como e porquê. Para além de ter ficado para a história como o cérebro que descobriu ter Portugal 'três vezes o número de estabelecimentos de restauração da média europeia' e de ser o tolo que garante fechar 'metade desses cafés e restaurantes por não terem viabilidade económica', o Nunes da ASAE conseguiu entrar o ano com os dois pés enterrados na asneira que ele próprio condena e persegue. E ainda bem que o fez, digo eu. Teve assim o condão de reacender a revolta que já marinava no lume brando da costumeira resignação nacional. Pode até ser que o episódio sirva para provar que os portugueses ainda têm salvação.
Zero Zero Nunes foi passar o reveillon ao Casino Estoril (Assis Ferreira continua um mestre a pôr manteiga no lado certo do pão, aposto o meu braço direito como a conta foi direitinha para o bloco de gelo...). Sentadinho no Salão Preto e Prata, divertido na melhor companhia, o Tónunes fez aquilo que nos proíbe a todos: com o entusiasmo, puxou de uma, duas, três belas charutadas e vai de esfumaçar com gosto, baforada à esquerda, baforada à direita, que se lixe a ASAE que eu até sou director e que se lixem os portugueses que até nem vão saber de nada, pobre não vem ao Casino. Deu azar para o Nunes. Não fora o pateta que é e saberia que a bufice, já de si enraizada na alma lusitana por décadas de encorajamento e quiçá até algum gene salazarento, está outra vez na moda por decisão socrática. Resultado? Uma merda, convenhamos. Uma vergonha para quem a tem.
Nina de Sousa Santos, jurista da DGS e responsável pelo estudo interpretativo da malfadada nova lei do tabaco, assegura que «os casinos e as salas de jogo estão abrangidos pela nova lei do tabaco. Esta estabelece como princípio geral o limite do consumo do tabaco em locais fechados de utilização colectiva e, portanto, sendo os casinos e salas de jogo recintos fechados não podem deixar de ser incluídos na lei». A coisa parece clara, quando vista à luz da lógica merdosa do próprio Zero Zero Nunes, se lermos as declarações pomposas que vem repetindo até à agonia em tudo quanto é jornal. Só que - surpresa das surpresas - o Nunes da ASAE afinal não acha bem isso. Apanhado a fumar, já na madrugada do dia 1 de Janeiro de 2008, num espaço fechado como é o Salão Preto e Prata do Casino do Estoril, António Nunes diz que não, pronto, não é bem o que parece, a lei não inclui casinos, sabem, não é bem assim, pois que torna e pois que deixa, coisa e tal e tal e coisa. E dá o segundo mau exemplo do ano em apenas 48 horas.
O ano mudou e as moscas também, mas o Nunes é a mesma. E o resto é o que se vê. Tony Zero Zero Nunes ou o Portugal-do-mete-nojo no seu melhor. Digam-me, é para fugir disto que me querem a fumar às escondidas? Eu é que sou o criminoso? Escrevam o que vos digo, meus amigos: em safando-se desta, este pateta vai a ministro.
Rui Vasco Neto
Quarta-feira, 02 Jan, 2008
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