Perguntam-me se sou a favor dos eurobonds. Claro, a 007 por cento! "Meu nome é Euro, Euro Bond", e em vez da Ursula Andress resgatava-se a Grécia, em vez do bikini, a tanga.
O actual drama financeiro europeu ganharia em seguir os cenários de Ian Fleming e a fleuma de Sean Connery. A surpresa pela entrada de Itália entre os aflitos passava a titular-se "Nunca mais Digas nunca". A repetição do resgate grego vinha com um aviso: "Só Se Vive Duas Vezes." A chegada da troika a Lisboa era a "Operação Relâmpago". E Portugal procurava variantes: "From Angola with Love", "From Brasil with Love"... As agências de rating tinham "Licença para Matar", o FMI chama-se "Dr. No", e o misterioso George Soros era o "Goldfinger".
Os agentes económicos estavam todos "Ao Serviço de Sua Majestade", naturalmente a dona Angela Merkel, também conhecida como M., o patrão de 007, cuja secretária é Miss Moneypenny (esta interpretada por Durão Barroso).
Com algumas variações (os mercados apostavam mais no ouro do que nos "Diamantes São Eternos"), a política financeira continuava a repousar no "Casino Royale", ora na roleta, ora nos dados, ora nos hedge funds, ora nos credit defaut swaps, mas sempre, para alguns, com jackpots de prémio. Com eurobond-girls bem escolhidas, era o sucesso.
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 14/07/2011
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