Em tempo de crise, chega a Alvalade Francisco José Rodrigues da Costa ou, simplesmente... Costinha, um Ministro - alcunha ganha por ir de fatinho para os treinos - que é fã do agente secreto James Bond e que corporizará, no Sporting, a missão de director do futebol profissional, segundo foi ontem comunicado pela SAD à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. E que missão terá ele de enfrentar! O ídolo das telas de cinema será mesmo fonte de inspiração na nova etapa profissional de quem só esta semana pendurou as botas, rescindindo contrato com a Atalanta, pondo termo a quase três anos de agonia em Itália. E não faltarão fatos, gravatas e óculos de classe ao sucessor de Ricardo Sá Pinto, ele que, sendo um leão empedernido, em Portugal, ao mais alto nível, só representou o FC Porto, cujo modelo de organização (vencedora) é admirado pelo presidente leonino, José Eduardo Bettencourt. Em tese, é uma comunhão perfeita. Porque este "sportinguista desde pequenino" que agora entra como profissional no reino do leão é "um ganhador" e é "extremamente ambicioso", como se definiu a O JOGO (07.10.2002).
Desde tenra idade que Costinha gosta de impressionar pela imagem, sempre em grande estilo, sem olhar a despesas. É uma forma de se vingar dos anos em que passou dificuldades. Sim, faltava dinheiro nas humildes raízes lisboetas que possui. Filho de pais trabalhadores que no dia 1 de Dezembro de 1974 acolheram o rebento que virou Ministro na Côte d'Azur, os primeiros trocos ganhou-os à custa de uma personalidade vincada pelo trabalho e ambição. Foi por ter como lema de vida "estagnar é morrer" que, em 1997, pela mão do empresário Jorge Mendes - o mesmo que agora contribuiu para esta nova vida -, se mudou com estrondo para o principado francês, onde Rainier III ainda reinava. "Um ambiente de luxo, com charme e relógios de ouro", como em tempos fez questão de lembrar. A Madeira não era rival, e o Nacional, então na II Divisão B, ficava (bem) para trás.
No Mónaco, personificando uma ascensão meteórica, ganhou de Henry, um dos que "só conhecia da Playstation e do 'Domingo Desportivo'", a alcunha de Ministro por ir todos os dias de fato para o treino.
O bom gosto no vestir e no calçar deram-lhe carisma, legado de Bond, James Bond. E nem as bombas faltam para condizer. A gravata ou o relógio encontraram nos carros uma paixão de vida, a extensão de um cenário de elegância e extravagância ponderada, assente na convicção e no realismo de quem passou por privações, mas que, com sofrimento, aprendeu a saber estar na vida, como Bond, James Bond. Do Porsche ao Lamborghini Gallardo, passando pelo BMW X5 ou um Golf Cabrio, as suas mãos já provaram de tudo. E com cores elegantes a condizer - nem o amarelo do Lamborghini Gallardo, "um carro com uma pinta que se farta" que contrastava com o preto do amigo Maniche.
Não foram, todavia, os gostos pessoais que cativaram o respeito e a admiração de muitos dos que com ele têm privado. Agora, numa nova etapa da vida, optando apenas e só pelos sapatos e gravatas (as botas de futebol ficaram em Bérgamo), o clube do coração chamou-o. No profissionalismo e exemplo dado terá bitola de marca no balneário, santuário que liderou por onde passou, capitaneando emblemas históricos e a selecção do país que o viu nascer. Na frontalidade sensata, sempre com poucas papas na língua, tem sustentado o seu percurso de vida, reconhecido pelo presidente leonino, José Eduardo Bettencourt. Personalidade e organização também lhe são apontadas. E a crise está aí, para resolver à... Bond, James
RUI MIGUEL GOMES/ OJOGO
http://www.ojogo.pt/26-57/artigo850470.asp
O estilo de Costinha. Este texto baseia-se em fatos verídicos
O ministro que tem a pasta do futebol do Sporting é um agente secreto no mercado que se veste como James Bond
(...)
[No Verão de 1997] a vida de Costinha muda significativamente. Cresce como atleta, ao ponto de começar a ir à selecção nacional com a frequência de outros nomes mais mediáticos como Figo e Rui Costa, e vira modelo para os restantes companheiros. E modelo no sentido de elegância e admiração no balneário mais chique da Europa. Aparece então a alcunha de Ministro, que ainda lhe assenta que nem uma luva.
"O Henry [Thierry, avançado do Mónaco e da França] era danado para a brincadeira. Como eu ia de fato para o treino todos os dias, ele começou a chamar--me de ministro. A alcunha espalhou-se por todos os companheiros e pegou. Alcunhas há muitas mas essa ficou. Até hoje."
É verdade. Ainda hoje, Costinha, grande fã de James Bond, carrega esse nome, agora por força do contacto diário com a imprensa portuguesa como director de futebol do Sporting.
O i apanhou-o em seis dias diferentes e fotografou-o com seis fatos. Seis dias e seis fatos, soa-lhe a pleonasmo? Mas não é. Há um mês, Costinha falou com o jornal "Expresso" e vestiu três fatos durante a entrevista (tem mais de 50 completos em casa, além de carros e relógios "cheios de pinta"). O gosto pela elegância, ao estilo de um agente secreto, dá-lhe para isto. E para governar o Sporting. Que teima em continuar sem vestir nada para cobrir os maus resultados.
i, 21/08/2010
Era conhecido no Mónaco por senhor ministro, pela forma exemplar como se entregava ao trabalho, mas também por se apresentar sempre impecavelmente vestido. Fã incondicional dos filmes de 007, Costinha não precisa de recorrer às multifacetadas artimanhas de James Bond para controlar o seu território, que é o meio campo. Basta a clarividência, a impulsão que o superioriza a qualquer um no jogo aéreo, a inteligência, os passes de 50 metros e, até, a simplicidade de processos. A que se acrescenta carácter, personalidade, ambição, profissionalismo, inteligência e fé. No relvado como fora dele.
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